domingo, 7 de fevereiro de 2010

O Futuro dos cobradores

Ao pegar um ônibus no Rio de Janeiro, notei que eu era a única pessoa pagando a passagem com dinheiro. Todos os outros passageiros utilizavam o Riocard. Para quem não sabe, o Riocard é um cartão magnético que acumula créditos monetários. No ônibus, o passageiro deve encostar o cartão em um sensor eletrônico, que libera automaticamente a catraca e dá baixa nos créditos de acordo com o valor da passagem.

Esta ferramenta beneficiou várias pessoas na cidade do Rio de Janeiro, e principalmente os que moram mais longe do centro e precisam pegar várias conduções para chegar ao trabalho.
Todavia, o RioCard está acabando com a necessidade de cobradores nos ônibus. Na verdade, só vejo duas situações em que o cobrador ainda pode desempenhar uma função importante, mas ambas podem ser contornadas com medidas simples:

1. O cobrador seria necessário para atender a usuários que não utilizam o bilhete único, como pessoas que vêm ao Rio com pouca frequência. Nesse ponto, tíquetes poderiam ser vendidos fora dos ônibus, como em bancas de jornal, padarias, supermercados etc.

2. Cobradores certificam-se de que os passageiros pagarão pela passagem, evitando que alguns deles “pulem” as catracas. Esta função poderia ser feita pelo próprio motorista, simplesmente movendo a catraca mais proximamente à porta de entrada do ônibus.

Quais seriam as consequências da eliminação dos cobradores? Claramente, haveria uma grande redução de custos para as empresas de ônibus, o que possibilitaria à prefeitura do Rio de Janeiro reduzir os preços das passagens ou diminuir os enormes subsídios repassados a tais empresas (ou ainda uma combinação destas duas coisas). De qualquer forma, é possível beneficiar tanto usuários do transporte público como contribuintes.

Por outro lado, esta medida acarreta custos concentrados sobre um grupo de pessoas: os cobradores que perderiam seus empregos. Este é, entretanto, um custo de curto prazo, que se dilui ao longo do tempo à medida que tais trabalhadores acham novos empregos. Da perspectiva da sociedade como um todo, o benefício de longo prazo da medida (com a redução de impostos e/ou do preço da passagem) certamente mais que compensaria este custo de curto prazo.

O governo inclusive poderia utilizar parte dos recursos poupados para auxiliar os cobradores neste período de transição. Isso permitiria redistribuir os ganhos de contribuintes e passageiros para os cobradores, reduzindo os pesados custos individuais que recairiam sobre esse últimos.

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